sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

portfólio do 2 modulo

Portfólio do 2º modulo.
tecnologia: ourivesaria
Desafio, Conceito e texto sobre o mesmo:

<  (…) “Já sete horas”, disse para consigo ao ouvir de novo o despertador, “já sete horas e um nevoeiro destes.” E durante uns instante ficou quieto, respirando baixinho, como se esperasse do silêncio a reposição da situação real e natural. (…) preparou-se para balançar o corpo a todo o comprimento, fazendo cair assim de uma vez da cama. Se se deixasse cair desta maneira, a cabeça que ele levantaria ao máximo ao tombar, não devia sofrer nada. As costas parecem ser duras, e não lhes aconteceria nada se caísse em cima do tapete. O que mais o preocupava era a ideia do estrondo que isso iria provocar, e do susto, ou pelo menos da preocupação que tal baque iria causar atrás das portas.  Mas era preciso arriscar.(…) >     “a metamorfose” de Franz Kafka

“Mas era preciso arriscar” e tu, o que estas disposto a arriscar?
Foi exactamente esta a pergunta que nos foi feita como ponto de partida para o 2º modulo, ou seja, o desafio consistia em criarmos um novo conceito em que respondêssemos a esta exacta pergunta com uma elaborada reflexão, a partir da qual iríamos depois desenvolver o nosso projecto de ourivesaria que é constituído por outras fases de que falarei.
Quando o desafio foi lançado, pensei em retomar de certa forma a ideia que retratei no primeiro módulo com o intuito de completar e complementar a minha reflexão já anteriormente abordada.
No fundo, retomei a ideia da diferença, o adquirir de conhecimentos e passagem por experiências e vivências que nos ajudam a florescer, a crescer de varias formas, a tornar mo nos diferentes.
No entanto, ao repensar sobre este assunto, reparei que faltava algo de importante, tinha a sensação de que este conceito estava incompleto por alguma razão, e ao reflectir sobre isto cheguei a um pensamento de onde se formou uma outra reflexão que acabou por me projectar para o segundo desafio, tecnologia: ourivesaria:

O que estarei eu disposto a arriscar?
Estou disposto a arriscar toda a minha vida, todo um processo lento de transformação que foi o meu crescimento, toda uma vida, todo um processo cuidado de aprendizagem, uma incessante absorção de  conhecimentos, experiências e vivências  que moldam o meu ser? Na verdade, estarei eu disposto a arriscar perder uma vida ou perder-me nela, por um profundo túnel incerto e escuro que é a minha essência, arriscar desfazer a minha própria muralha por este eterno mas desconhecido túnel, ainda por explorar que retrata o meu próprio interior, o meu espaço, o meu mundo? Eu não conheço o caminho para esse lugar, não conheço esse lugar, não faço ideia do que lá irei encontrar, ou se até mesmo irei encontrar algo, nesse caso, não saberia construir um mundo, não saberia construir o meu mundo, porque talvez não me conheça a mim próprio, daí não saber como designar o meu espaço. Porque tenho tanto medo de saltar, saltar da zona de conforto geral para a zona desconhecida, saltar desta ilusão de realidade, esta realidade estereotipada que é viver em sociedade.  Porque tenho medo de criar uma fenda nesta muralha que tanto trabalhei para construir, porque tenho medo de morrer, sei que irei ressuscitar, só assim irei conhecer esse mundo ideal. Mesmo assim, esta vida significa algo para mim para segura-la assim, ou então simplesmente temo a dor da mudança drástica mas ao mesmo tempo anseio o alívio, o alívio de sentir que finalmente estou completo, de que finalmente, sou eu.
                                                                                                      Júnior Djau nº12 10ºA


Exploração de ideias:

Basicamente, o meu conceito neste modulo era, arriscar um todo que tinha adquirido até este ponto para encontrar o “meu todo”, ou seja, fazer a escolha ou optar por arriscar perder todas as minhas aprendizagens para seguir um caminho que me levará a minha verdadeira essência.
Tendo o meu conceito estruturado, comecei a dá-lo forma retirando algumas das ideias básicas passando-as a grafismos e formas, isto ainda na 1º aula de projecto sobre o modulo2. Estas foram as minhas primeiras experiências:

  






Na primeira aula de tecnologia 2º modulo, tivemos uma pequena introdução a ourivesaria onde nos foram explicadas desde as funções e técnicas aos contextos e evolução que a ourivesaria tem tomado ao longo do tempo (no relatório).
Depois de estarmos um pouco mais a par do assunto, foi nos proposto um exercício que consistia no seguinte, foram nos disponibilizados alguns livros com imagens sobre jóias, dessas imagens de jóias, escolhíamos as que mais gostássemos e fazíamos um registo á base de esboços rápidos não muito complexos, apenas a ideia básica do que estávamos a ver. Isto serviu para nos familiarizarmos com as formas:



Na próxima aula de projecto iniciamos um novo tipo de registo gráfico de estudos com base em cores, guaches. O exercício consistia em pegarmos em ideias que nos remetessem para formas e traçar de forma espontânea cores com base nestas tais ideias. Para realizar este exercício utilizamos pincéis e gouaches:    
                        
“Medo, insegurança, túnel escuro, espaço, mundo, vida, morte, renascer, saltar, conforto,
Desconforto…”
Tivemos ao todo 4 aulas para execução da peça e 3 para concepção, entre tanto, fiz algumas pesquisas sobre o meu conceito e procurei algumas imagens que me ajudaram a desenvolver o meu trabalho:
 Esta imagem faz-me pensar numa espécie de portal para o meu mundo, para a descoberta da minha essência
        Este meu mundo pode ser sinistro, até perturbador, ou agradável e puro mas em que contexto ou concepção, na minha?

 O entendimento de uma criança sobre a transformação demonstra as conotações e a concepção simples ou complexa que cada geração pode ter da metamorfose.

  






Selecção e desenvolvimento de ideias:

As seguintes aulas de projecto e tecnologias serviram apenas para concepção e execução de jóias

Execução da peça:
                          
Uma vez que a oficina de ourivesaria não estava disponível, optamos por pelo uso de materiais recicláveis do dia-a-dia(papel, esponja, plástico, arame etc.). Ao iniciarmos a fase de execução das jóias, começamos por fazer uma experimentação dos materiais:



Desenvolvimento da peça:

Depois de estarmos familiarizados com a potencialidade dos materiais que íamos usar começamos a fazer as peças que realmente tínhamos concebido. A partir daqui usava alguns dos melhores esboços que fazia durante a aula de projecto e na aula de tecnologia executava as jóias pensadas. Estes foram os desenhos em que me baseei para iniciar as minhas jóias:
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Depois de já ter as peças iniciadas trabalhei-as para que elas fossem elusivas e que remetessem para o meu conceito:
 1º Parte
 2º Parte
 Peça

Esta peça é constituída por 2 partes, a primeira é uma concha que serve como base e a segunda serve como tampa que se abre.
Para executa-la utilizei em ambas as partes pasta de papel e cola branca como base, cartão como reforço e alumínio como cobertura, utilizei também tintas, uma argola de ferro e ainda um sistema que permite que a tampa abra e feche.
Esta peça é uma bracelete e entra no meu conceito como um transformador, ou seja, abre-se, absorvendo as minhas experiências, vivências e aprendizagens, mas não as guarda, modela-as, transforma-as e insere-as na minha forma de pensamento, dando-me uma interpretação pessoal, só depois deste processo, as minhas vivencias passam para o meu interior, construindo aos poucos o meu mundo e assim por sua vez descobrindo também aos poucos o pano que cobre a minha essência.



1º Parte
2º parte
3º Parte
 Peça

Esta peça é constituída por 3 partes, as duas primeiras são placas e a terceira é uma tampa de verniz, arame e um tecido vermelho.
Na sua execução cozi as placas e a tampa de verniz ao tecido com linha preta, para que a peça fosse moldável cozi um fio de arame ao tecido no lado direito.
Esta peça é uma pregadeira, e insere-se no meu conceito representando o meu precursso na descoberta da minha essência, de quem realmente sou para que assim possa encontrar a minha paz interior
O tecido vermelho representa as minhas lutas e o sangue derramado pelo caminho do percurso.
A primeira placa está “quase nua” porque representa uma semente lançada ao mundo ainda por florescer, ainda a descobrir, sem preconceitos nem bases muito menos estereótipos, no fundo representa a minha infância, se nesse momento tivesse iniciado esta viagem, não teria que derrubar nenhuma “barreira de conhecimentos” sendo assim mais fácil.
A segunda está lotada “lotada”. Representa-me lotado, cheio de pensamentos de outrem, de conhecimentos desinteressantes e farto duma vida monótona e igual a todas as outras. Neste momento inicia-se então a minha viagem ao meu interior para tornar-me único e uniforme.
A terceira representa finalmente o encontro a minha essência. Este encontro com a minha própria verdade fez com que me tornasse um ser uniforme em paz, representado pela forma uniformizada da peça.

 1º Face
 2º Face
  

Esta peça pode ser utilizada de frente e verso.
É constituída por um tecido esponjoso, cartão tetrapac, missangas, pregos, arame, e lata.
Na sua execução colei o cartão ao tecido, furei as com pregos e bocados de arame cortados e inseri missangas.
Esta peça é um pendente e serve como uma crítica ao mundo de que me tento afastar com a minha viagem, um mundo estereotipado e por sua vez como exemplo, ao estereótipo de jóia.
Para fazer esta crítica utilizei na 1º face da peça cores vivas “alegres” e missangas, esta face da peça representa o tal estereótipo de jóia com as cores e formas esbeltas e elegantes e pedras raras de valor que é normalmente a imagem que se tem de jóia, não alargando a sua concepção, no meu conceito, entra como “a zona de conforto geral”.
A segunda face da jóia é mais estridente e agressiva com as extremidades bicudas, em sua volta os pregos e arame cortantes e o centro, mais apelativo na peça é todo ele bicudo e cortante, toda a face dá um certo ar de agressividade e desconforto que normalmente as pessoas não inserem na sua concepção de jóia, mantendo a os seu horizontes fechados.
No meu conceito este lado entraria no meu mundo como uma forma diferente de ver as coisas que nos rodeiam.
Um exemplo do pensamento fechado é que quando no início do modulo nos foi dito que iriamos trabalhar com materiais recicláveis ficamos completamente atrapalhados e meio desiludidos, isto porque não imaginávamos que este tipo material poderia ser utilizado em trabalhos como este, mas uma vez que acabamos as peças e provamos o contrario a nos próprios passamos a saber a potencialidade deste tipo de material e a vê-lo de forma diferente, com os horizontes um pouco mais alargados.
E assim descobri como chegar a minha essência verdadeira. Descobri que tenho de continuar a ver o mundo onde vivo de forma diferente, aprendendo, e desprendendo ao mesmo tempo da forma generalizada de pensar para que possa alargar os meus horizontes e ser eu mesmo sem preconceitos nem medos.

  
    











   

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